Estrangeiros ganham peso no crédito habitação em Portugal

Três em cada 10 estrangeiros que contrataram crédito para comprar casa própria em 2023 tinham nacionalidade brasileira.
18 mar 2024 min de leitura

Os estrangeiros continuam a comprar casa em Portugal apesar do atual contexto económico incerto e das recentes alterações legislativas que colocaram um ponto final nos vistos gold e no regime de residentes não habituais (RNH). E a verdade é que o seu peso no total de créditos habitação concedidos tem vindo a crescer ano após ano. Esta é a conclusão dos dados mais recentes do Banco de Portugal (BdP), que revelam ainda que três em cada dez estrangeiros que contrataram um empréstimo para aquisição de habitação própria e permanente em 2023 têm nacionalidade brasileira. Também o número de estrangeiros que recorre à banca para comprar casas de férias ou para colocar no mercado de arrendamento está a crescer.

Numa altura em que os altos juros e baixo poder de compra arrefeceram a compra de casa em Portugal – e, por conseguinte, a contratação de empréstimos para esse fim –, o peso dos estrangeiros no mercado hipotecário nacional aumentou. Em 2023, cerca de 9% das 177 mil pessoas que contraíram crédito para aquisição de habitação própria e permanente eram estrangeiras, um peso superior ao apurado em 2022 (7,6%) e em 2021 (6,51%), revelam os dados do BdP, divulgados esta quinta-feira, dia 14 de março.

Mas quem são estas famílias estrangeiras que resolvem comprar casa em Portugal com financiamento bancário? Os mutuários de nacionalidade brasileira são os que têm maior peso (36%), seguido dos angolanos, britânicos, franceses e norte-americanos, mostra a mesma publicação.
 

Também ao nível do montante contratado em crédito à habitação própria e permanente, a representação do mercado internacional aumentou em Portugal. A população estrangeira pediu 11,7% dos cerca de 10 mil milhões de euros concedidos pela banca nacional para a aquisição de casa em 2023. Este peso dos estrangeiros é superior ao registado em 2022 (9,47%) e em 2021 (8,06%).

Isto quer dizer que numa altura em que houve menos famílias a contratar crédito habitação em Portugal (menos 30 mil face a 2022) e se registou uma queda no montante contratado (-24%) – devido à forte subida dos juros e aumento do custo de vida -, os estrangeiros ganharam peso neste mercado.

A explicar esta tendência estão os seus elevados rendimentos dos estrangeiros em comparação com os dos cidadãos que residem no nosso país, sendo, por isso, menos impactados pela inflação e subida dos juros. Além disso, Portugal continua a ser considerado um local seguro para viver, com boa qualidade de vida, bons serviços de educação e saúde, e clima ameno, o que continua a atrair estrangeiros a comprar casa, apesar de terem menos incentivos fiscais com o fim dos vistos gold desde outubro e do regime de RNH desde o início de 2024 (pelo menos, tal como o conhecemos).
 

Estrangeiros pedem 40% do valor total de crédito para comprar casas de férias ou para arrendar

Ao analisar o perfil sociodemográfico de quem pediu crédito habitação para outros fins, como “aquisição, construção ou realização de obras em casas secundárias ou para arrendamento, bem como para aquisição de terrenos para construção de habitação”, o BdP conclui que os estrangeiros também estiveram mais ativos em 2023 face aos anos anteriores.

“Do total de devedores de outro crédito à habitação contratado em 2023, 26% eram estrangeiros, maioritariamente originários de Angola, do Brasil, dos EUA e do Reino Unido. Em 2021, esta percentagem tinha sido de 17%”, indica o BdP.

Também cerca de 40% do montante total do outro crédito habitação foi concedido a estrangeiros – um peso em linha com o apurado em 2022, mas bem superior ao registado em 2021 (31%). Analisando por região, salta à vista que no Algarve 71% do valor emprestado para comprar uma segunda casa (ou para outros fins) foi para os estrangeiros.

Na Grande Lisboa, 47% do montante em créditos habitação para outros fins foi contratado por compradores internacionais. E na Área Metropolitana do Porto o seu peso foi de 32%, indicam os mesmos dados.

Olhando para o total de novos créditos (seja habitação, pessoal ou automóvel), o BdP conclui que “o peso dos devedores estrangeiros no total de pessoas que obtiveram novos créditos voltou a subir: passou de 8,2% em 2021 para 10,6% em 2022 e, em 2023, fixou-se em 13,5%. Em 2023, metade destes devedores tinha nacionalidade brasileira”, acrescenta.

Fonte: Idealista
Foto de: Freepik

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